06 dezembro 2006

Infância, Juventude e Primeiro Casamento

Maomé nasceu em Meca a 12 de Rabi al-Awwal (terceiro mês do calendário árabe) no "ano do Elefante". Este ano recebeu esta denominação porque nele se verificou o ataque de pelas tropas de Abraha (governador do sul da Arábia ao serviço do imperador da Etiópia) que estavam equipadas com elefantes. Na era cristã este ano corresponde a 570.
Maomé pertencia ao clã dos Haxemitas, por sua vez integrado na tribo dos Coraixitas (Quraysh, "tubarão"). Era filho de Abdullah e de Amina. O pai de Maomé faleceu pouco tempo antes do seu nascimento, deixando à esposa como herança cinco camelos e uma escrava.
Entre as famílias de Meca existia na época a tradição de entregar temporariamente as crianças às famílias beduínas que viviam no deserto, uma vez que se considerava que o clima de Meca era pouco saudável; para além disso, acreditava-se que uma temporada de vida no deserto preparia melhor a criança para a vida adulta. Em troca desta adopção temporária, os beduínos recebiam presentes dos habitantes de Meca. Apesar das limitações económicas, Amina entregou Maomé aos cuidados de uma ama-de-leite chamada Halíma (Haleemah).
Quando Maomé tinha seis anos de idade a sua mãe faleceu. Maomé passou a viver então com o seu avô paterno, Abu al-Muttalib, e com os filhos destes, entre os quais se encontravam Abbas e Hamza e que eram praticamente da mesma idade que Maomé, fruto de um casamento tardio do avô. Abu al-Muttalib ocupava em Meca o importante cargo de siqáya (serviço de distribuição pelos peregrinos da água sagrada do poço de Zamzam).
Dois anos depois, o avô de Maomé faleceu e este foi viver com o seu tio Abu Talib, novo chefe do clã Hachemita.
Meca era nesta altura uma cidade-estado no deserto, onde se encontrava um santuário conhecido por Kaaba ("o Cubo") administrado pelos Coraixitas. A Kaaba era venerada por todos os Árabes, sendo alvo de uma peregrinação anual. Nela se encontra a Pedra Negra e uma série de ídolos, representações de deusas e de deuses, dos quais se destacava o deus nabateu Hubal. Alguns habitantes de Meca distanciavam-se quer dos cultos pagãos, quer do monoteísmo dos judeus e dos cristãos, declarando-se hunafá, isto é, crentes no Deus único de Abraão, que acreditavam ter sido o fundador da Kaaba. Apesar de a cidade não possuir recursos naturais, ela funcionava como um centro comercial e religioso, visitado por muitos comerciantes e peregrinos.
Durante a adolescência Maomé foi pastor e teria também acompanhado o seu tio em expedições comerciais à Síria. Segundo os relatos muçulmanos, quando Maomé, o seu tio e outros acompanhantes regressavam de uma destas viagens cruzaram-se perto de Bosra com um eremita cristão chamado Bahira que após ter examinado Maomé concluiu que este era o enviado que todos aguardavam. Bahira recomendou a Abu Talib que levasse o seu sobrinho para Meca e que velasse pelo bem-estar deste.
Por volta de 595 Maomé conheceu Cadija, uma viúva rica de 40 anos de idade. O jovem Maomé (na altura com 25 anos de idade) impressionou Cadija pela sua honestidade nos negócios de tal forma que ela propôs o casamento. Este casamento representou uma mudança social para Maomé, já que segundo os costumes árabes da época os menores não herdavam, razão pela qual Maomé nada tinha recebido da herança do pai e do avô. Maomé permaneceu com Cadija até à morte desta em 619, não tendo tido outras esposas. Cadija teve seis filhos de Maomé, quatro mulheres (Zainab, Ruqayyah, Umm Kulthum e Fátima e dois homens (Al-Qasim e Abdullah, que faleceram durante a infância).
Habitualmente afirma-se que Maomé teria sido analfabeto[2]; contudo, é provável que tenha possuído conhecimentos rudimentares de escrita, necessários a alguém que desempenhou funções na área do comércio.

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